Aguardar pelos sintomas de incômodo na gengiva pode ser uma grande roubada para a saúde da sua boca.
Como eles normalmente despontam em uma idade que coincide com o início das responsabilidades da vida adulta, é inevitável: basta alguém dizer que arrancou o terceiro molar para ouvir a piada de que perdeu o juízo. A ironia é que dois estudos americanos sugerem que a falta de senso pode estar justamente em mantê-lo. Isso porque, sem acompanhamento e higiene adequados, esses dentes camuflam encrencas graves.
Embora a maioria só procure o dentista depois de sentir a dor provocada quando o siso rasga a gengiva, especialistas indicam que o melhor período para retirá-lo é entre os 15 e os 18 anos, antes de ele irromper. “Nessa faixa etária, a raiz não está completamente formada, tem cerca de dois terços, e o osso é mais maleável”. Além disso, a recuperação de um adolescente é mais rápida que a de um adulto. “O ideal é fazer o monitoramento com radiografias a partir dos 15 anos, para avaliar o momento mais oportuno”, ele sugere.
Se houver espaço suficiente para o dente se acomodar, é possível conviver com ele, mas assumindo o risco de encarar alguns dramas. Instalado numa região difícil de alcançar, esse molar costuma ser negligenciado durante a limpeza, tornando-se um prato cheio para bactérias. Um panorama da encrenca que isso pode causar vem da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos. Ali, um estudo avaliou sisos sem nenhum sinal de que algo estava errado e descobriu um grande número de casos de infecções silenciosas capazes de afetar a gengiva, a raiz e os ossos da face. “Por isso, se a decisão for mantê-lo, é preciso fazer exames de imagem periódicos para detectar doenças antes de surgirem complicações”, adverte Robert Marciani, autor do trabalho.
Até porque a enrascada pode ir além da boca, como mostra outra pesquisa americana, da Universidade da Carolina do Norte. Feita em pacientes com o siso baqueado, ela constatou um aumento da proteína C-reativa, que indica a presença de inflamação no organismo. “Essa molécula é diretamente relacionada a panes cardiovasculares, principalmente infartos e derrames”, alerta José Flávio Torezan, cirurgião bucomaxilofacial do Hospital-Sírio Libanês, em São Paulo.
O siso faz parte de um trio de molares responsáveis por amassar o alimento na fase final da mastigação. No tempo dos nossos avós, sem a farta oferta de produtos de limpeza bucal que temos hoje, era habitual perder o primeiro deles. Assim, o terceiro tornava-se um substituto à altura. Com os avanços nessa área, ficou mais fácil conservar a dentição completa, levando o dente do juízo a ficar em desvantagem. Para não desalinhar a mordida, o aperto na gengiva passou a ser a justificativa mais comum para a sua extração.
Mas a lista de fatores apontados por especialistas para sua retirada preventiva é considerável. Para começar, esse componente tardio da dentição gosta de nascer em posições inconvenientes e danificar os vizinhos, isso quando não se infiltra no osso. Ele vive também em constante movimentação angular. Quando está parcialmente erupcionado, fica exposto às bactérias que causam cáries e infecções.
Só devemos retirar o siso quando realmente há necessidade, como por exemplo, se eles não nasceram corretamente na boca, e no caso de começar a comprometer a arcada dentária ou outros fatores como:
- incapacidade de higiene adequada dos dentes do siso por falta de acesso com as escovas;
- pressão ou empurramento nos dentes vizinhos que gere risco de traumas e /ou perdas do alinhamento dos dentes;
- alterações na normalidade da mordida e da fala motivadas pela presença dos sisos;
- dentes inclusos: que não conseguem “nascer” pela falta de espaço ou má posição dentro dos maxilares;
- sisos tomados por infecção recorrente, como cárie ou doença periodontal de tratamento complicado;
- sisos em contato com a raiz dos segundos molares, podendo gerar dor e necessidade de tratamento de canal futuro;
- caso os sisos estejam gerando dor em outras partes da face, como mandíbula e ouvidos, já tendo sido investigadas outras possíveis causas para as dores;
Cuidados após a cirurgia:
- você deve tomar apenas líquido, evite alimentos quentes. Após o 4º dia você já pode fazer uma sopa e depois bater tudo no liquidificador, espere esfriar bem, evitando qualquer tipo de alimento que precise mastigar, diminuindo o inchaço e sangramento, diminuindo os riscos de infecções;
- tomar a medicação nos horários indicados, sejam eles analgésicos ou antiinflamatórios. Siga corretamente o tempo estipulado pelo seu dentista para tomar a medicação.
evite fazer bochechos e cuspir nas primeiras 24 horas e também movimentos de sucção; - caso você é fumante, evite pelo menos nos primeiros 7 dias, pois o cigarro contém substâncias tóxicas que podem penetrar na mucosa da boca e infeccionar a cicatrização;
- evite fazer atividade física, espere tirar os pontos, evitando qualquer tipo de complicação na cirurgia;
- não ingerir bebidas alcoólicas, pois você está tomando medicações e os efeitos colaterais são perigosos;
- dormir com a cabeça mais alta( dois ou três travesseiros);
- geralmente a retirada dos pontos se dá entre 7 a 10 dias, não pode deixar os pontos na boca pois eles resultam na retenção de alimentos, bactérias e impurezas que dificultam a cicatrização. Pode também prejudicar a saúde dos dentes vizinhos e de todo o restante da boca, causando infecções e feridas na região.